25 de novembro de 2010

Capital do sangue quente do melhor e do pior do Brasil

O Rio é uma cidade com estrela. É lindo por natureza, enche de orgulho os seus moradores (e de inveja muitos dos seus vizinhos). Se o Brasil fosse uma escola, ele seria a gata mais popular da escola: tem vocação para ser protagonista. Talvez porque não existe nada parecido com ele nem no nosso país, nem em qualquer lugar do mundo. Eu posso dizer que amo a minha cidade. Afinal, o problema todo não está nela, e sem quem está nela.

A guerra que se consolidou durante esta semana está mostrando o tamanho da ira dos criminosos contra a tentativa de pacificar as favelas que até pouco tempo eram comandadas pelo tráfico. Os homens do tráfico, por sua vez, são (também) resultado do descaso do poder público com a educação dos mais pobres. Muitos crescem dentro das comunidades carentes vivendo em meio a armas, com pouca estrutura familiar, com chefes do tráfico como referências, e dessa forma, já chegam na adolescência com poucos motivos para valorizar a vida. Começando pelas suas próprias.

Não quero justificar a violência e a crueldade da bandidagem. Muito menos fazer uma defesa hipócrita dos "direitos humanos". Acontece que tem coisas que vejo todos os dias quando vou pro estágio, já na esquina da minha rua, e também nas redondezas de onde trabalho, que a minha rotina insiste em figurá-las como parte da paisagem, mas elas gritam indicando que está tudo errado: garotos e garotas jogados ao chão, dormindo, imundos, e totalmente despreocupados com a condição deplorável em que se encontram. Noutro dia, assisti à cena de um deles retirando do lixo encostado num poste um pratinho de alumínio com restos de comida, o qual ele pegou e comeu com a mão como se fosse um bicho. Logo depois, ele largou o prato no chão, e continuou andando.

Mas o que mais me preocupa é eles não estão ali por falta de escolha. Sabe-se que muitos preferem essa vida nas ruas a voltar para os seus lares, ou a viver em um abrigo onde terão comida e dormitório, mas onde também terão hora para acordar, tarefas a cumprir e seguir uma disciplina. Eu nunca estive em um abrigo para menores, portanto não posso afirmar se as coisas são tão tranquilas como o que escutamos falar. Mas, certamente, esses abrigos não ofereceriam calçadas como dormitório e nem serviriam restos do lixo para seus abrigados.

Um jovem preferir essa vida, sem o mínimo de dignidade, a ficar em casa ou a viver em um abrigo, para mim, não é distúrbio de personalidade, psicopatia, perversidade inata, nada disso. É sim falta de estrutura familiar, de assistência correta aos mais carentes, de uma educação de qualidade, que promovam atividades para formar cidadãos com motivação e expectativas de crescimento. Investimento em educação não é só prover um ensino de qualidade, mas estimular essas crianças a desenvolverem seus talentos, seja no esporte, ou nas artes, ou qualquer outra coisa que os fará crescer positivamente.Quantos projetos desenvolvidos em comunidades (como o Afroreagge, ou o centro esportivo da comunidade da Mangueira) acreditam nessas crianças e adolescentes e provam que basta apresentar um caminho, um novo sentido, para que eles tenham seus os olhos desviados do crime?

É por isso que procuro ter cuidado antes de condenar os já tão ignorados direitos humanos. Sou, acima de tudo, a favor da vida. Acontece que a maioria desses marginais nos parecem irrecuperáveis, incapazes de serem incorporados à sociedade como cidadãos que trabalham dignamente. A melhor solução parece ser matar, dizimar todos eles.

Eu, sinceramente, não consigo imaginar qual seria a melhor solução à curto prazo para combater a marginalidade e o crime organizado. Porém, convido aos convictos de que solução seria matar todos os bandidos a lembrarem que nós já os matamos quando optamos por ignorar as condições em que eles cresceram e só nos preocupamos em garantir somente "o nosso". Quando preferimos eleger governantes que vão garantir o bem-estar da nossa classe média em vez  desses malditos "assistencialistas compradores de votos" que só pensam em favorecer o povo de baixa renda com "projetos eleitoreiros".

Não vou nem me estender ao lembrar também da classe média financiadora do tráfico e nem das autoridades envolvidas no contrabando de armas e drogas, que fortalecem e alimentam uma rede milionária de criminalidade. Isso já é sabido. Você também é a favor de largar a bala nesse pessoal?

13 de setembro de 2010

...são só garotos...



Mulheres: aprendamos a amar como um homem ama.


Ok, meninas, antes de começarem a me atirar pedras e dizer que estou convocando-nas para sermos tudo contra o qual lutamos e tentamos mudar todos os dias, serei mais específica e espero que vocês me entendam. Ou, pelo menos, que eu seja entendida pelas que já foram de fato amadas por um homem na vida. Falo aqui da ação amar - esqueça circunstâncias, orgulhos, caráter, e outros eventos-obstáculos.

É claro que não podemos dizer que todos os homens amam da mesma forma. Para não correr o risco de generalizar, não quero me aprofundar sobre o comportamento, que é individual e depende de zilhões de outras experiências externas.

Pra simplificar, vou dar um exemplo com que provavelmente as mulheres se identificarão: desde a nossa infância, cultivamos um "amor". Já na adolescência, somos afobadas e amamos, 1, 2, 3 garotos - quando não são mais de um ao mesmo tempo. Eu mesma me recordo de, ao longo do meu tempo de primário e ginásio, ter "amado" uns 4 menininhos. Eles foram o centro das minhas "preocupações" durante o ano letivo e seus nomes povoaram o interior de centenas de corações desenhados nas folhas dos meus cadernos. 

Bem, já com os meninos, a coisa costuma ser diferente. Garota nem pensar - ecow! Há sim, entre eles, algumas exceções que "gostam" de uma garotinha - mas ela não é, definitivamente, a sua maior preocupação. A competitividade típica masculina já é visível, porém, nessa fase, ela se restringe aos esportes e às brincadeiras, e ainda não penetrou no campo sexual ou sentimental, mesmo porque eles ainda mal existem. Há que se levar em conta também as pequenas "musas", aquelas pelas quais todos são supostamente apaixonados. Geralmente, elas são muito belas, mas muito provavelmente os garotos terão por ela um fascínio mais pelo fato de elas serem intocáveis do que por propriamente amá-las.

E é aí que começa nosso aprendizado com nossos hominhos. "Ai, aprender com o que, com a indiferença deles para com as mulheres?" Não. Girls, nós crescemos querendo nos apaixonar. Me lembro de um pequeno período durante a minha oitava série em que não estava a fim de nenhum garoto e isso me causou um tremendo vazio. Precisava de alguém para amar, ainda que platonicamente (na verdade, como foram todas as outras vezes..rs). Essa necessidade faz com que nós, mulheres, vivamos "amando" alguém(s).

Um homem, quando ama, não é corriqueiramente. Geralmente, ele foge disso. Mas, quando não consegue fugir, é que surge a beleza que o amor de mulher não tem. Ele vem como magia, e não decorrente de carência (lembre-se novamente - estou falando de amor e não de sexo outra coisa). Amor de homem tem uma coisa de 'exclusividade' difícil de encontrar entre o amor da mulherada.

O homem quando ama, se entrega a ponto de não conseguir esconder. O cara que ama, quando vai falar sobre a mulher amada, é assunto sagrado. Exclusivo para os mais chegados. Fica guardado no pedestal dos assuntos. Ah...e ele odeia fazer isso, mas quando ele ama, não consegue segurar as lágrimas quando precisa chorar por amor - ainda que escondido.

Amando, ele é genuíno. Despe-se daquela capa de rigidez e blindagem anti-romantismo e retorna para a sua natureza mais pura, tornando-se menino novamente. Como todo menino, não sabe mentir, enquanto nós, mulheres, enchemos a boca e nos gabamos por isso, como se tivéssemos o dom de ludibriar que eles nunca terão, um trunfo que pode ser usado como arma contra qualquer atitude que mereça uma vingança.

Como todo menino, ele também será imaturo muitas vezes. Porém, se ele não amasse, não se tornaria um garoto. Se não se tornasse um garoto, não seria imaturo. E imaturidade irrita, torna discussões infinitas, mas infelizmente vem tudo no mesmo pacote. A TPM está para a mulher assim como os ataques de imaturidade estão para o homem. Acostumemo-nos....

Uma natureza impossível de ser escondida deveria servir de exemplo para as mulheres serem mais elas mesmas na hora de se relacionarem com alguém. Deixar que o outro descubra a sua essência em vez de se criar uma nova falsa essência a cada experiência amorosa. Se descobrir e saber, então, quando é amor.

Assisti hoje pela segunda vez o longa "500 dias com Ela" (500 days of Summer). Se você gostou desse texto e ainda não assistiu esse filme, você DEVE assitir.Mesmo que não tenha gostado do texto, assista. Faz pensar.


26 de agosto de 2010

Remoendo feridas

Hoje, remoí uma ferida. Literalmente.

É nojento, eu sei, mas eu adoro ter um machucadinho pra descascar. E foi praticando essa prazerosa (porém tosca) atividade que, notando o início de um sangramento pequeno, falei para mim mesma hoje: "ah Izabela, tá você de novo mexendo na ferida. Ela tá lá, quietinha, cicatrizando, mas vc tem que ir lá e cutucar.Assim ela não vai sarar nunca!"

Mas aí...(lá vem os pensamentos aleatórios) acabei me dando conta de que o termo "remoer uma ferida" faz sentido pra cacete. Poucas linguagens figuradas traduziriam tão bem tudo o que causa o "remoer de uma ferida". Eu, especialista com PHD em remoção de feridas (as literais) pude perceber que o que eu estava fazendo acontecia também de outra forma em algum outro lugar...

Consideramos uma ferida alguma coisa que nos machucou de alguma forma - de uma maneira que significou tanto que deixou uma marca. Quando é muito recente, ela ainda é dolorida e difícil de esquecer. A dor ainda existe, ali, chatiiinha e insistente. E quando esbarram no machucado então...é uma explosão de dor, às vezes até pior que no momento em que o ferimento aconteceu. "A ferida ainda está aberta", dizem. Não tem como abstrair, ela está lá, feiona. Quando você vai dormir, tomar banho, nossa, ela vem com tudo. Pra arrasar com você. Não deixa nem você se distrair.

Em condições normais, o tempo e as células em constante transformação são maneiros com o machucado e se unem para  transformá-lo em uma casca. Que também costuma ser feia pra caceta, mas já não dói mais. O aspecto cascudo, escurecido deixa claro que "o tombo foi feio" - isso não vai mudar. É fato consumado. Mas, felizmente, não mais incomoda tanto, e dá até pra passar um dia inteiro sem se dar conta da existência dele.

E é aí que entra a psicopata remoedora das feridas (eu), e tchuc, tchuc, tchuc na parada. O negócio está lá, quietinho, não me causa mais dor, está começando a virar passado. Mas uma força me atrai para mexer ali até arrancar algum pedaço. Qual é, não nasci com isso! E tome tchuc, thuc, tchuc. Pronto, tirei. Está sangrando. Um novo machucado. Uma nova dor, e o passado se faz presente. Sem necessidade nenhuma, e ainda por cima joguei todo o trabalho dos amigos tempo e células fora. Não fiz bem pra ninguém. Um novo processo de cicatrização vai começar.

Geralmente, até se tornar cicatriz, eu mexo umas duas ou três vezes em um machucado.Certamente, essas cicatrizes não ficariam tão grandes se eu não tivesse mexido tanto. Ou pelo menos poderiam ter sumido de vez mais rapidamente.

As cicatrizes podem ser consideradas marcas de luta e superação por muitos, e de fato são. Mas o tamanho da cicatriz não necessariamente pode significar o tamanho de uma dor inicial, mas sim uma forma equivocada de levar um problema muito sério. E aí, o que adianta, tantas marcas profundas e um resultado de ressentimento 10 x 0 em cima do aprendizado?

Remoer uma ferida não é saudável, a não ser que seja para curá-la.

É....vivendo e aprendendo com as nossas estranhas manias do dia-a-dia.

2 de agosto de 2010

Feliz dia DO pai!!


Pela sua cara quando você faz uma piada durante o almoço e ninguém ri. Porque quando tenho tosse, você acorda para passar Vick na sola do meu pé (e, inexplicavelmente, melhora). Pelos Sorines emprestados. Porque quando te encontro por acaso na rua, subitamente só consigo ver um ponto luminoso quicando no chão - seu vergonhoso cigarro rapidamente descartado para eu não ver. E porque eu até hoje não consigo nem imaginar como você é tragando um cigarro.

Pela sua única especialidade na cozinha - uma macarronada doida que, por algum motivo, dá super certo. Pelas suas danças gaiatas, para extravasar alegria ou divertir a famíia. Pelas suas gambiarras para consertar o chuveiro ou criar novos equipamentos (como um refrigerador de ar(!)). Pelas suas músicas e artistas prediletos - sempre tornam um sorriso inevitável, principalmente quando só consigo me lembrar de uma versão sua adaptada de um jeito cômico.

Pelos seus puns estrondosos durante a noite, que ainda conseguem me arracancar gargalhadas quando já estou na cama para dormir. Assim como o seu cofrinhão, sempre visível. Pelas não-histórias antes de dormir: a da vaca Vitória (soltou um pum e acabou-se a história) e da galinha pedrez (que "soltou um peido pra vocês três"). Pelos passeios em família e pela sua felicidade quando ainda fazemos isso - hoje, raridade.

Pela sua preocupação e pelos sonos perdidos me esperando chegar em casa. Pelo seu esforço em aceitar alguma coisa que eu faça com a qual você não concorda. Pela sua alegria ao me ver feliz com algum presente que tenha me dado e que eu queria muito. Pelos beijos e "eu te amos", tão sinceros a ponto de me emocionar e eu não conseguir retribuir de volta. Porque sei que, às vezes, isso vem só da vontade de eu voltar a ser criança e você me chamar de babalu.

Pela sua desconfiança inicial e voz mais grave quando te apresento a um novo namorado. Por amar o meu namorado! Por ser o modelo vivo do que é ser um companheiro exemplar e ter servido como referência comparativa com os meus possíveis "maridos". Por ter enfrentado uma infância com medo, rejeição e tristeza e ter decidido montar uma família que se opusesse a tudo que já tinha passado. Por ter escolhido e se casado com uma mãe - que ainda não tinha filhos.

Por me ensinar através do amor.

Por tudo isso, obrigada, pai. Obrigada por ser meu pai.

24 de maio de 2010

Filosofia de metrô


Hoje rolou uma greve louca dos rodoviários aqui no Rio de Janeiro que me obrigou a pegar o metrô para ir pro estágio. Odeio metrô. Nunca dá pra sentar, e para em todas as estações, e vive cheio. Com a greve então, mais lotado ainda. Nessas ocasiões, o que me resta é observar tudo o que acontece.

Metrô tem uma coisa engraçada de rotina. Todo dia a galera se espreme nos vagões como em latas de sardinha, e todo dia a pauta principal discutida em cada um deles é a lotação. Não estou todo dia no metrô, mas toda vez que estou, é o burburinho que escuto. Um exemplo clássico de uma situação metalinguística - pessoa que fala sobre uma situação na qual está inserida. Deve ser uma forma de se distrair daquela chatice do dia-a-dia. Ou comenta com o outro na esperança de ouvir alguma coisa diferente sobre a mesmice com que ambos convivem todo santo dia. Mas não é todo mundo que conversa.

Uma pausa, porque agora me lembrei de uma reflexão idiota sobre o metrô que compartilhei com uma amiga minha há uns anos atrás, quando eu cursava o ensino médio e tinha gratuidade para usar qualquer transporte público. Fazíamos uns programas de índio tipo passear no centro da cidade depois da passeata pelo passe livre para ficar vendo os "gatos de terno" zanzarem pela Rio Branco. Ou íamos para o Botafogo Escada shopping sem um puto no bolso, só por ir. Enfim, numa dessas "aventuras" (uhuuuullllll!!), lembro-me que estava sentada com essa amiga no chão do cantinho de uma plataforma de uma estação vendo as pessoas paradas voltadas mais ou menos para a mesma direção, e numa distância razoavelmente igual umas das outras, à espera do próximo metrô. E fiquei olhando. E virei pra ela e disse:

- Você já parou pra pensar como seria engraçado se não houvesse metrô nenhum, e as pessoas estivessem assim desse jeito, em pé paradas olhando pro chão, pro lado, pro buraco negro? Caladas e distantes entre si...mas com a confiança de que alguma coisa está por acontecer. Mas não o metrô?

Aí ela riu e falou:

- Ai, só você mesmo pra pensar nisso...

Acho que ela me entendeu um pouco. Hoje tenho certeza de que ela iria mandar eu me tratar. A gente vai ficando velho e fazer suposições como essa viram uma coisa rara de se fazer...infelizmente. A mente tem que estar vazia, mas no bom sentido: sem preocupações que possam preenchê-la por completo, e sem a cobrança de parecer ser alguém que não somos. Apesar de adolescente, ainda com alguma genuinidade. Que depois, se deixar, PUF! Sumiu.

Bom, voltando às minhas atuais impressões sobre o metrô... percebi que algumas pessoas olham para a cara do outro e desviam o olhar quando percebem que ele se ligou que está sendo examinado. Outras pessoas puxam assunto - sobre o próprio metrô, claro. Uns são educados, e facilitam a sua vida, seja para dar passagem ou para dar o lugar a alguém idoso, por exemplo. Mas ficam calados. E outros entram chorando no vagão. É.

Cara, que dor no coração. No meio da multidão que se espremia, entrou uma menina com uma cara tão triste, mas TÃO triste... Um nariz vermelho, um olho marejado, um olhar tão parado, em estado de choque, tão cheio de dor! Primeiro quis pensar que ela poderia estar resfriada, com o nariz entupido, sei lá, eu quando tô com crise alérgica fico meio assim, com cara de espirro constante. Mas depois, olhei pra ela de novo e estava rolando uma lágrima. Putz, que tristeza.
Fiquei cogitando o que podia ter acontecido com ela antes de entrar ali...será que ela levou um fora do namorado? Será que ela flagrou ele traindo ela? Ou será que o pai dela morreu? Quis perguntar. Fosse anos atrás, eu perguntaria. Era só imaginar que ela era uma amiga precisando de um ombro amigo e que só tinha nós duas no vagão. E aí ela poderia desabafar toda aquela dor que ela estava sendo obrigada a guardar.

Mas é essa maldita maturidade que nos proíbe de fazer certas coisas. Se eu perguntasse pra ela, seria maluquice. Se fosse uma criança, seria sensibilidade, espontaneidade.

Por isso odeio ainda mais o metrô. Me fez lembrar que minha genuinidade... PUF! Sumiu mesmo.

Me desculpem os mais velhos que eu, mas cheguei à conclusão de que não tenho mais idade pra metrô. Ela já passou.




7 de abril de 2010

Eu faço jornalismo SIM!


Hoje é o dia do jornalista! Apesar de eu, infelizmente, ainda ter pela frente mais ou menos uns dois anos para me formar em jornalismo, e de só ter descoberto sobre o dia do jornalista hoje à noite via Trending Topics, eu vibrei silenciosamente, eu e eu. Na verdade, um eu contou para o outro eu que não tinha ainda se ligado que outro tava felizão. Um eu já está se achando jornalistaaaço, e o outro ainda está tentando entender a reação do eu que ficou feliz. Rs.

Para quem não sabe, há 3 semanas comecei um novo estágio, em uma ONG internacional protetora de animais. Lá tem muito trabalho: como são muito ativos nas divulgações dos projetos e das campanhas, tem que fazer clipping, releases, notas pra rádio, matérias pro site, responder e-mails, controle de mídia, e em breve farei mais outras novas coisas. Coisas de jornalista, de comunicador, de quem trabalha com palavras...muito maneiro.

Meu supervisor revisa meus textos. Se valessem nota, eu já estaria de recuperação. E quanto mais preciso desenvolver algum texto, mas vejo que ainda não sei NADA. Nadica. Mas é o mesmo "nada" de que um jornalista precisa para se mexer, para levantar dados, pra fazer o negócio ficar bonito, reter atenção e levar informação. Tô aprendendo a me mexer (achava que não sabia fazer isso!). Estou tendo atitudes tão jornalísticas! Que lindo!

É difícil porque tem que ter técnica. Tem que ter o feeling. Não é como escrever por hobby, é diferente. Não é o que você quer, é o que tem que ser. É uma PROFISSÃO. Que exige FORMAÇÃO. "Ah, mas você não é formada e tá lá escrevendo, Iza!" Ah, mas tem um cara que corrige umas minúcias que só quem estudou e SACA muito de ser comunicador sabe. Não é pra qualquer um. Não é mesmo.

Pude comprovar isso de perto, inclusive, quando trabalhei em um jornal para concursos públicos: uns caras, de formação jurídica e experiência no ramo de concursos, inventaram que queriam fazer um jornal e acharam que era só juntar uns estudantes de jornalismo e um bolo de editais pra fazer a coisa acontecer. Modificavam o texto, diagramação, faziam uma lambança. O que aconteceu foi uma sequência de trapalhadas que culminou com meia dúzia de "estagiários" sem receber por dois meses(eu incluída entre eles) e um jornal que foi extinto antes mesmo de se fazer existir. Um cocô.

Esse 6° semestre da minha faculdade é o primeiro quase que inteiramente sobre o fazer jornalismo propriamente dito. O que tem tornado tudo ainda mais interessante. Muito bom saber que estou caminhando para fazer parte de um grupo de profissionais que merece o respeito da sociedade. Porque é na faculdade que agente aprende que intermediamos as relações entre o povo e as autoridades. Ao meu ver, quanto melhor é um jornalista, mais benefícios ele consegue - não para ele próprio, mas para o povo a quem ele informa.


Boa Noite.

23 de janeiro de 2010

Nos relacionamentos anteriores aprendi...


Por que eu não me amei. E porque isso trouxe consequências diretas pras pessoas com quem eu estive, e eu diria que mais ainda do que pra mim.

Parece difícil entender, mas vou tentar explicar. Noutro dia, conversava com meu irmão sobre o porquê de algumas pessoas (0/) insistirem tanto em relações desgastantes, o porquê de persistirem naquilo fosse uma obrigação, como se fossem obrigados a passar por tanta apurrinhação. Em namoros anteriores, quando me perguntavam "por que você ainda está com ele?", a minha desculpa de sempre era "nós já conversamos sobre isso e ele disse que vai procurar mudar" ou "eu também tenho culpa nisso", ou ainda "ele já está bem melhor nesse sentido, no passado ele fazia de tal jeito...". E não é que assim eu me enganava direitinho? Ou fingia que me enganava...enfim...o que fosse, tudo era uma grande crueldade minha comigo mesma.

Por quê será que muitas vezes, em assuntos do coração, não seguimos a lógica mais simples da vida que é, "não tá bom, não tá legal, então sai dessa". Né? Se estamos sentados em um lugar q tá incômodo, levanta e muda de lugar. Tá muito calor? Aumenta o ar condicionado. Não tem nada na TV interessante? Desliga. Simples assim. Agora, o namoro não tá legal? Termina. É claro que todo casal briga, tem suas discussões e desentendimentos. Mas mamãe sempre disse que temos que pensar como uma balança, que pesa os pontos positivos e negativos da relação. Se os positivos pesarem mais, vale a pena, se os negativos sobressaírem, para por aí. Simples também? Não, para mim não é tão simples assim. Na minha opinião, pra dar um ponto final tem que SE AMAR MUITO. Pensar só em você, no seu bem-estar e ignorar completamente os fatores externos, como o tempo do relacionamento, o costume com a pessoa, o trabalho que vai dar de voltar a ser solteiro(a), é claro, a outra metade do casal. Abstrair completamente a reação do seu companheiro e resolver o negócio, você com você. Isso, isso é que é o negócio. Resolver ser feliz. Mas pra você resolver ser feliz, primeiro tem que reconhecer que está infeliz!

Eu pensava que mulher que não se amava era a chamada "mulher de malandro", que leva porrada, sofre agressão física e verbal, é humilhada, chifrada, essas coisas. Mas só hoje vejo que ter insistido no que eu JÁ SABIA que dificilmente teria um futuro também foi um ato de falta de amor próprio. Eu não precisava passar por nada daquilo. Nem o outro precisava. Mas, como tudo na vida, eu tenho uma mania chata que é deixar tudo pra última hora, de levar tudo até a última conseqûencia, até não poder mais protelar. Sou assim com prazos, sou assim com promessas, e no final, é claro, as coisas nunca saem como o esperado. Com relacionamento, acho que sou assim também. O saldo final nunca passou perto do que é o esperado.

E, voltando ao início do post, o motivo pelo qual a falta de amor próprio foi pior ainda pra quem eu estive do que pra mim mesma...bem, concluí que, enquanto não me amava, não podia o amar também, porque, uma vez que mentia pra mim mesma, mentia pra ele também. E porque, quando eu descobri a verdade sobre mim e resolvi parar de me iludir com minhas próprias desculpas, não tive coragem lhe dizer, e ele permaneceu enganado. Não dava mais tempo de amá-lo o suficiente pra dizer toda a verdade. Não dava mais pra voltar atrás e dizer que aquilo que a gente tinha poderia ser tudo, menos amor. Que eu perdi todo o meu tempo e fiz ele perder o dele também. Ali, a única coisa a fazer era dar um ponto final, respirar fundo e seguir em frente. Eu, consciente dos meus sentimentos. Ele, perdidinho da silva sem entender nada.

Não estou me culpando por tudo o que aconteceu de ruim na minha vida amorosa, e sim questionando a minha postura diante das inúmeras dificuldades que surgiram...se elas existiam e desgastavam, poderia ter sido mais assertiva, menos covarde e...ter tido um pouco mais de amor próprio. Assim, evitaria o meu desgaste, o sofrimento do outro e até algumas ruguinhas. Hoje entendo que, acima de tudo, é preciso se amar e valorizar a própria felicidade! Porque só assim é verdadeiramente possível reverter esse amor pra pessoa com quem você está junto.



Obs: Gu, eu ME amo muito! :)))


Beijos e até a próxima (sabe lá quando será!)

7 de janeiro de 2010

All you need is love. Love is all you need.

Que em 2010, nós possamos aprender a ter apego somente ao que realmente transforma: o amor pelo próximo.



Nos últimos dias, enquanto vou para o trabalho de ônibus, tenho aproveitado esse momento ou para tirar um cochilo, ou para ir pensando na vida. Hoje, escolhi pensar e, não me lembro por qual motivo, me veio à cabeça a questão APEGO. Comecei a pensar nas coisas pelas quais me sentia apegada, e a única coisa que consegui pensar foi na minha sobrancelha - uma coisa que realmente me incomoda é estar com ela por fazer, não tem jeito. É uma futilidade importante pra mim. De resto, na boa, não consegui enumerar mais nada. Nenhuma COISA que, se eu não tivesse, me tornaria infeliz. Não posso negar que, na minha atual conjuntura, um pouco mais de dinheiro me faria um pouco mais feliz, pois significaria contas pagas e o fim de algumas preocupações...

Em contrapartida, foi mais fácil responder a mim mesma, na lata: sou apegada, sim, às pessoas que eu amo. Não quero nem de longe parecer a madre Teresa de Calcutá, ou aquela que "ama acima de tudo", "faz o bem sem olhar a quem", ou algo do gênero. Mas quero compartilhar aqui que isso me deixou feliz, uma vez que percebi que o amor - ainda, e espero sempre - é a coisa mais importante na minha vida. Comentei recentemente com um amigo que o ano de 2009 foi o meu ano de azar no jogo e sorte no amor, which means, ao mesmo tempo que a grana foi curta, eu recebi muito, muito amor. E que coisa boa é você sentir isso e retribuir todo esse amor de volta.

Muitas pessoas questionam o mandamento bíblico "Amar o próximo como a ti mesmo", argumentando com frases do tipo "Como vou amar alguém que acabei de conhecer?" ou, "Como amar um assassino ardiloso?". As respostas a essas perguntas, eu também não as tenho. Mas de uma coisa estou certa: a maioria das pessoas que nos parecem desprovidas de bons sentimentos não receberam nem vivenciaram o amor, não o conheceram durante toda a vida. E esse amor a que me refiro é aquele verdadeiro - o de um pai, uma mãe, um irmão ou um amigo de infância. O amor incondicional, isento de possíveis interesses, ou inveja, ou qualquer coisa que remeta a sentimentos ruins que em nada se assemelham ao puro e verdadeiro amor. Isento até do vazio que pode existir no coração de alguém. Um amor verdadeiro por alguém faz você se alegrar com o sucesso do outro e isso te enche orgulho também. Esse amor faz você ter a certeza de que nunca estará sozinho em ocasião alguma. E esse amor vai mostrar a você que, se forçar o seu coração a ficar longe dessa pessoa, por uma mágoa qualquer, você vai apertá-lo de tal forma que isso vai te fazer chorar, e então você saberá que não era para ser assim. Receber amor é o maior presente que alguém pode receber. Não ter isso, na minha opinião, é a maior tristeza que alguém pode ter.

Penso que amar, amaaar mesmo alguém que você não conhece ou julga desmerecedor de receber amor, não é realmente uma tarefa fácil. Mas compadecer-se da tristeza daquele que nunca viveu de perto o amor não é coisa difícil de se fazer. E isto pode ser o primeiro passo para começar a amar este indivíduo! Então, não guarde para você toda a bênção que Deus te deu, que é ter a capacidade infinita de amar...isto não vai te cansar, ou te dar a dor de cabeça de ter que distribuir um pouquinho para cada pessoa: quando você o divide, na verdade o multiplica. É um bem gratuito e faz bem pra alma. É transformador e é lindo.

Para encerrar, deixo aqui o famoso e inspirador capítulo 13 da primeira epístola do apóstolo Paulo aos Coríntios, a coisa mais linda sobre o amor...

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor."


Beijos e feliz 2010 para todos!!


P.S. Primeiro post pieeegas, eu sei. Mas esse pensamento foi o que motivou a fazer um blog de uma vez. Precisava compartilhar!!